sábado, 3 de novembro de 2012

ELEIÇÕES NA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL : SÃO JOSÉ DE MIPIBÚ : A DANÇA DOS VAMPIROS


Localizada na chamada Mesorregião do Leste Potiguar e na Microrregião de Macaiba e distante 31 km de Natal, São José Mipibú, um município com pouco mais de 45.000 habitantes (IBGE, 2010) distribuídos irregularmente em 293 km². Apesar de próxima a Natal, amarga altos índices de analfabetismo.

Em São José de Mipibú dois clãs familiares dominam inteiramente a cena política local: a dos Ferreira, que tem forte influencia no município desde a década de 60, e os Dantas, que debutaram na disputa pelo poder em 1996 com a eleição de Arlindo Dantas pelo PMDB, tendo sido reeleito em 2004. E esses dois grupos disputam o poder com unhas e dentes, não deixando margem para que nada de progressista nasça na cidade. 

Os clãs estavam numa certa acomodação política até que houve o rompimento entre Rosalba (DEM) e o seu vice, Robinson (PSD), um dos principais defensores da prefeita de São José de Mipibú, Norma Ferreira (PSD), que pertence ao clã dos Ferreira, cujo líder máximo, Janilson é do DEM. À época do rompimento, outubro de 2011, começou um troca-troca de partidos entre os “soldados” das duas famílias já que o reposicionamento indicaria qual o papel de cada um deles na disputa entre a prefeita e a “nova” oposição.

Inicialmente o candidato da prefeita Norma Ferreira (PSD) era o seu vice, Arízio Fernandes (PMDB). A tentativa de forjar uma “grande aliança em prol de São José de Mipibú” (sic) pondo num mesmo palanque a prefeita e Arlindo Dantas fracassou. 

A escolha da prefeita recaiu então sobre seu fiel escudeiro, Kéricles Alves Ribeiro, o “Kerinho”, atual presidente da Câmara de Vereadores. O PT apoiou essa candidatura, assim como o PP, afinal a vitória de Arlindo reforçaria o poder dos Alves na região e preferiu aliar-se a Robinson nessa disputa. 

Arlindo Dantas (PMDB)
O ex-deputado estadual Arlindo Dantas, um dos donos do PHS, deixou o partido em setembro de 2011 e o entregou a seu filho, indo para o PMDB que tem uma estrutura bem mais organizada e pronta para um embate eleitoral e recebeu a “proteção” de Henrique e Garibaldi. Arlindo também obteve o apoio de Wilma de Faria, costurando uma aliança entre wilmistas, aluizistas e agripinistas, dentro do tradicionalismo das alianças oligárquicas. Atraiu o apoio de chefetes políticos, como é o caso do deputado estadual  Dibson Nasser (PSDB), filho do vereador Dickson Nasser, que levou o partido a apoiar Arlindo. 

O grupo de Arlindo ainda deu um golpe fatal nas pretensões da atual prefeita, ao escolher para vice a própria sobrinha da prefeita Norma e neta de Janilson Ferreira, Fernanda Morais (DEM), foi pinçada da família Ferreira com o beneplácito do veterano patriarca e recentemente falecido coronel local, Janilson Ferreira e quebrou a unidade do pequeno clã e isolando Norma, que preferiu aliar-se a Robinson Faria, Vivaldo Costa e José Dias (ex-PMDB).

A revoada em direção à candidatura da “grande aliança” logo deixou a candidatura de “Kerinho” enfraquecida partidariamente. Um dos primeiros a voar para o colo da “grande aliança” foi o PMN, que dava sustentação na Câmara ao próprio “Kerinho”.

Com um bloco tão poderoso a vitória de Arlindo, com 51,01% não foi surpresa, embora expressiva votação de Kéricles 45,10%, apoiado pela prefeita, tenha revelado que a força do aparelhamento da estrutura pública, assim como certa insatisfação com a “grande aliança”, tenha gerado um fôlego extra para “Kerinho”.

“Rôda” (Lenilson Fernandes Trigueiro), que esteve no PSOL quando das eleições em 2010 e agora está no microscópico PTN, também lançou sua que  candidatura, sabendo que suas chances de vitória eram iguais ao fim do mundo anunciado para 21 de dezembro deste ano.

A aliança que elegeu Arlindo ainda fez 8 dos 13 vereadores ( DEM e   PMDB  fizeram 2 cada; PHS, PSB, PRB, PR, um cada), enquanto o grupo de Norma elegeu os outros 5 vereadores (PSD 3; PT 1 e PP 1).

Resta saber quanto tempo durará a “grande aliança” já que os interesses de grupo tendem, em algum momento, a provocar rupturas no bloco do poder e se os grandes oligarcas darão sustentação à mesma, já que em 2014 ainda não mostra que PMDB e DEM, os grandes parceiros de agora, estarão juntos quando chegar a hora da definição das candidaturas majoritárias.

2 comentários:

  1. E eu pergunto, como uma cidade da grande Natal, tão disputada revela administrações tão medíocres? Gostaria de ver a cidade que nasci ser tratada com mais cuidado e respeito e não é o que vejo quando a visito. Sem dúvida o poder se reveza entre os clãs... os currais eleitorais não estão tão distantes assim!

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  2. Não esqueça da análise de São Gonçalo do Amarante, parabéns!

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