Localizada
na chamada Mesorregião do Leste Potiguar e na Microrregião de Macaiba e
distante 31 km de Natal, São José Mipibú, um município com pouco mais de 45.000
habitantes (IBGE, 2010) distribuídos irregularmente em 293 km². Apesar de próxima a Natal, amarga altos índices de analfabetismo.
Em
São José de Mipibú dois clãs familiares dominam inteiramente a cena política local:
a dos Ferreira, que tem forte influencia no município desde a década de 60, e
os Dantas, que debutaram na disputa pelo poder em 1996 com a eleição de Arlindo
Dantas pelo PMDB, tendo sido reeleito em 2004. E esses dois grupos disputam o
poder com unhas e dentes, não deixando margem para que nada de progressista
nasça na cidade.
Os
clãs estavam numa certa acomodação política até que houve o rompimento entre
Rosalba (DEM) e o seu vice, Robinson (PSD), um dos principais defensores da
prefeita de São José de Mipibú, Norma Ferreira (PSD), que pertence ao clã dos
Ferreira, cujo líder máximo, Janilson é do DEM. À época do rompimento, outubro
de 2011, começou um troca-troca de partidos entre os “soldados” das duas
famílias já que o reposicionamento indicaria qual o papel de cada um deles na
disputa entre a prefeita e a “nova” oposição.
Inicialmente
o candidato da prefeita Norma Ferreira (PSD) era o seu vice, Arízio Fernandes
(PMDB). A tentativa de forjar uma “grande aliança em prol de São José de Mipibú”
(sic) pondo num mesmo palanque a prefeita e Arlindo Dantas fracassou.
A
escolha da prefeita recaiu então sobre seu fiel escudeiro, Kéricles Alves
Ribeiro, o “Kerinho”, atual presidente da Câmara de Vereadores. O PT apoiou
essa candidatura, assim como o PP, afinal a vitória de Arlindo reforçaria o
poder dos Alves na região e preferiu aliar-se a Robinson nessa disputa.
Arlindo Dantas (PMDB) |
O ex-deputado
estadual Arlindo Dantas, um dos donos do PHS, deixou o partido em setembro de
2011 e o entregou a seu filho, indo para o PMDB que tem uma estrutura bem mais
organizada e pronta para um embate eleitoral e recebeu a “proteção” de Henrique
e Garibaldi. Arlindo também obteve o apoio de Wilma de Faria, costurando uma
aliança entre wilmistas, aluizistas e agripinistas, dentro do tradicionalismo
das alianças oligárquicas. Atraiu o apoio de chefetes políticos, como é o caso
do deputado estadual Dibson Nasser
(PSDB), filho do vereador Dickson Nasser, que levou o partido a apoiar Arlindo.
O
grupo de Arlindo ainda deu um golpe fatal nas pretensões da atual prefeita, ao
escolher para vice a própria sobrinha da prefeita Norma e neta de Janilson
Ferreira, Fernanda Morais (DEM), foi pinçada da família Ferreira com o
beneplácito do veterano patriarca e recentemente falecido coronel local,
Janilson Ferreira e quebrou a unidade do pequeno clã e isolando Norma, que
preferiu aliar-se a Robinson Faria, Vivaldo Costa e José Dias (ex-PMDB).
A
revoada em direção à candidatura da “grande aliança” logo deixou a candidatura
de “Kerinho” enfraquecida partidariamente. Um dos primeiros a voar para o colo da
“grande aliança” foi o PMN, que dava sustentação na Câmara ao próprio “Kerinho”.
Com
um bloco tão poderoso a vitória de Arlindo, com 51,01% não foi surpresa, embora
expressiva votação de Kéricles 45,10%, apoiado pela prefeita, tenha revelado
que a força do aparelhamento da estrutura pública, assim como certa
insatisfação com a “grande aliança”, tenha gerado um fôlego extra para “Kerinho”.
“Rôda”
(Lenilson Fernandes Trigueiro), que esteve no PSOL quando das eleições em 2010
e agora está no microscópico PTN, também lançou sua que candidatura, sabendo que suas chances de
vitória eram iguais ao fim do mundo anunciado para 21 de dezembro deste ano.
A
aliança que elegeu Arlindo ainda fez 8 dos 13 vereadores ( DEM e PMDB fizeram 2 cada; PHS, PSB, PRB, PR, um cada),
enquanto o grupo de Norma elegeu os outros 5 vereadores (PSD 3; PT 1 e PP 1).
Resta
saber quanto tempo durará a “grande aliança” já que os interesses de grupo
tendem, em algum momento, a provocar rupturas no bloco do poder e se os grandes
oligarcas darão sustentação à mesma, já que em 2014 ainda não mostra que PMDB e
DEM, os grandes parceiros de agora, estarão juntos quando chegar a hora da
definição das candidaturas majoritárias.
E eu pergunto, como uma cidade da grande Natal, tão disputada revela administrações tão medíocres? Gostaria de ver a cidade que nasci ser tratada com mais cuidado e respeito e não é o que vejo quando a visito. Sem dúvida o poder se reveza entre os clãs... os currais eleitorais não estão tão distantes assim!
ResponderExcluirNão esqueça da análise de São Gonçalo do Amarante, parabéns!
ResponderExcluir