sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O INFORTÚNIO DO MERCADO DAS ROCAS : FESTIVAL DE INCOMPETÊNCIAS.



No Brasil, as administrações públicas tem o dom de transformar rapidez em paralisia. Uma obra que poderia ser simples, se torna tão complexa quanto a construção de uma pirâmide.

A incompetência, a inépcia, a inação e o desleixo com o dinheiro dos nossos impostos, geram, por exemplo, a escandalosa reforma eterna da Cidade da Criança. Muitos dos que eram crianças quando as “obras” começaram, provavelmente já serão senhores quando ela terminar. Se terminar.

No caso do Mercado Público das Rocas, a incompetência começa na gestão Carlos Eduardo e agora, em dezembro de 2012, a névoa que envolve os escombros da obra não parece se dissipar. Uma obra que, pelas dimensões, levaria 9 meses, se arrasta há 5 anos ou 60 meses e, no mínimo, levarão mais 12 meses para ser concluida (sic), ou seja, 72 meses quando deveria levar 9. 

Se é fato que a obra enfrentava dificuldades para ser terminada já na gestão de Carlos Eduardo, a pseudo-administração da coalizão do PV micarlista, do DEM e do PMDB, simplesmente enterrou a obra e a  deixou apodrecer ao relento.

A obra orçada em R$ 1.570.930,00 teve apenas 30,0% concluída e, de acordo com a Coordenadora da Equipe de Transição, Virginia Ferreira[1] “tudo terá que ser refeito”. De acordo com informações vindas do resto da administração Micarla, a retomada e o fim da obra custarão mais R$ 2 milhões[2] aos cofres públicos.

Mercado das Rocas : depois de 60 meses...abandono.
Em julho de 2009 a obra foi paralisada devido ao abandono por parte da empresa que tinha ganhado a licitação. A empresa alegou, na época, falta de verba para continuar. A agonia dos 79 pequenos comerciantes, que já durava 19 meses, transformou-se em desespero. Alguns faliram, outros abandonaram o comércio e outros foram condenados a vegetar, jogados no esquecimento.




O projeto do Mercado Modelo das Rocas previa a modernização das estruturas então existentes e agora o que se vê são ruínas de uma obra abandonada. 

Resultado?  A prefeitura terá que prestar conta do que foi feito e do que não foi feito e deverá devolver os recursos não utilizados na obra, sendo que o valor vai ser recalculado pela CEF e posteriormente terá que fazer nova licitação.

Diante da verdadeira saga dos 79 pequenos comerciantes, o cidadão deveria se perguntar : a quem serve a gestão pública? 

Carlos Eduardo, que conviverá com uma Câmara de Vereadores hostil e venal, e um governo estadual que se refestela com a "inauguração" de uma "sala de gestão da crise", terá a inglória tarefa de, pelo menos, dotar sua gestão de pessoas minimamente preocupadas com a população.

Ele já foi prefeito e sabe que uma administração, por mais boa vontade que tenha, pode ser "engolida" por uma equipe incompetente.


[1] http://www.blogdofiscal.com/2012/11/equipe-de-transicao-tenta-manter.html
[2] http://www.caiooliveira.com/index.php/component/content/article/1-noticiasnovas/1342-natal-vai-devolver-r-600-mil-a-uniao

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

BODÓ E DANIEL GOLDBERG: DARÁ CERTO ESSE CASÓRIO?


Bodó : ficará rica com o tungstênio
Você conhece Bodó? Não, e provavelmente 99,0% dos que estão lendo essa postagem também não conhece. Com 10 anos de existência, completados em junho passado, essa pequena aglomeração urbana, que tem pouco mais de 2.400 habitantes, distribuídas em 253, 5 km², localiza-se a 188 km de Natal, na região conhecida como Central Potiguar, tendo sido desmembrado do município de Santana do Matos.



E por que toda essa informação? Bem, foi anunciado, com toda pompa, que o pequeno município receberá investimentos que giram em torno de U$ 4 milhões[1], o que dá quase R$ 9 milhões, para a exploração do tungstênio naquela região. Pode parecer pouco, mas esse valor corresponde a quase 70,0% do PIB gerado na pacata e quente Bodó.
 E quem é o responsável por esse milagre ? Trata-se da Farallon Krepel Goldberg (FKG), que não é uma empresa, como conhecemos, mas um fundo de investimentos, que não é nacional. Como é isso? A FKG é parte de um fundo maior, a Farallon Capital Management LLC, que se localiza em São Francisco, EUA.

Daniel Goldberg : o Midas de Bodó?
A FKG foi criada em julho de 2011, com a participação de Daniel Goldberg, que era chefe da área de fusões e aquisições do poderoso banco de investimentos Morgan Stanley e em parceria com o bilionário Tom Steyer, dono da Farallon. Nascia aÍ, um fundo de investimentos que agora vê na pequena Bodó uma oportunidade de ganhos muito interessantes. Pensa-se, por exemplo, que em 2020, daqui a oito anos, os U$ 4 milhões de hoje, terão se transformado em U$ 72 milhões, o que dará, a preços do dólar hoje, um volumoso montante de R$ 165 milhões.


Apenas e tão somente a título de exemplo, típico desses exemplos inúteis que já nos acostumamos a ver, se esses investidores, movidos por um espírito benevolente, ou se foram tomados por uma loucura, resolverem, lá em 2020, distribuir essa dinheirama para a mesma quantidade de pessoas que vivem hoje lá, caberia a cada um, a quantia de R$ 69 mil. É de tirar o fôlego né?

Silvio : alegria com a dinheirama.
Bem, quando o dinheiro chega com essa força, há quem fique saltando numa perna só de tanta alegria, como é o caso do secretário de Desenvolvimento Econômico, Sílvio Torquato, que espera mais investimentos já que o tungstênio é um minério muito requisitado pelo gigante comunista, a China.

Com tanta felicidade e empolgação resta torcer para que tudo dê certo né? Errado! É necessário que a sociedade fique atenta quando o governo diz que “trabalha para dar todas as condições para os investidores se sentirem bem recebidos e terem um ambiente propício para os negócios.” Um arrepio percorre nossa espinha, já que nossas oligarquias tem tido o mal costume histórico de vender nossas riquezas em troca de migalhas para o povo. 

Se esse investimento é considerado “exótico”, e por isso mereceu a atenção da FKG, esperemos que esse exotismo não vá parar nos bolsos já bem recheados dessa turma e que a pequena Bodó não se acabe se transformando numa grande mina e depois seja abandonada.


[1] http://www.rn.gov.br/imprensa/noticias/revista-exame-destaca-investimento-de-4-milhoes-de-dolares-no-setor-mineral-do-rn/13280/

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O RN DA SECA ESPERA O CARNATAL : E VIRÁ UMA GRANDE ESCURIDÃO?


O "povo" na visão da nossa elite
Faltando exatos dez dias para começar mais um evento rocambolesco e decadente, no caso o famoso Carnatal, deveríamos parar um minuto antes de nos deixar levar pela mixórdia do momento. Antes de sairmos em turba, para comprar um pedaço de pano para sermos chacoalhados, beliscados e bolinados em meio a sujeira e ao cheiro acre daquele líquido excrementício segregado pelos rins, donde corre pelos ureteres para a bexiga, poderíamos pensar em nossa cidade e em nosso estado.

O palco do Carnatal é uma visão oposta à alegria inebriante dessa festa de momo, já que a saúde, educação, transporte e segurança são palavras desconhecidas para o cidadão natalense.Os desmandos de quatro anos de surrupio de recursos públicos, sob o olhar cúmplice de um balcão de negócios chamado Câmara Municipal de Natal, deixou a outrora bela cidade em pedaços. Mas não é só Natal que está sofrendo sob o tacão das elites locais.

Para a “classe” política, formada por máfias, clãs, grupos e uma horda de puxa-sacos e malfazejos, os números divulgados pelo IBGE sobre a economia do RN nos últimos dez anos, soam como um trovão que, se chegar aos ouvidos da “massa amorfa”, idiotizada e lânguida, podem estremecer a base secular de dominação que prende a terra de Poti ao atraso e ao servilismo.  Muitos já ensaiam o discurso da desqualificação dos números do IBGE e certamente burocratas desse governo virão a público para “explicar” o que não tem explicação.

Tivemos de amargar o tenebroso último lugar dentre as economias nordestinas no período de 2002 a 2010[1], com relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o conjunto da riqueza gerada no RN mas que sabidamente é abocanhada por uma elite anacrônica e reacionária.

Em 2010 crescemos bem menos (5,1%) que o Brasil (7,5%) e o Nordeste (7,2%) e deveremos amargar mais um ano de crescimento pífio, se não for nulo ou negativo, devido à desaceleração da economia nacional.

A seca devasta o RN e os deputados querem ir "ver de perto".
Assistimos, entrementes, ao espetáculo dos deputados que já se apressaram em fazer viagens inúteis para verificar, in loco, os danos causados pela seca, como se estes não fossem visíveis. Reuniões, peregrinações à Brasilía e o velho e secular discurso sobre os efeitos da seca repetem um bordão que o sertanejo conhece desde o século XVII, quando começou a ocupar as paragens ressequidas do semi-árido.

Claro que quando estivermos sacolejando as nossas ancas de classe média durante os festejos de Carnatal, não teremos olhares e muito menos pensamentos para as mais de 500 mil pessoas que estão em situação desesperadora. Afinal de contas o que é mais importante? As belas e torneadas pernas da estonteante e pueril Ivete Sangalo ou um sertanejo suado e de boca seca?

domingo, 25 de novembro de 2012

PT DIZ "NÃO" A CARLOS EDUARDO : RAPOSICE ?


Re es facto. Carlos Eduardo (PDT) foi eleito devido, em grande parte, ao caos administrativo instalado pela matilha instalada no poder desde 2008, e que praticamente destruiu a cidade. Eleito por uma coligação que é minoritária na Câmara de Vereadores e que será fustigada pelas oligarquias que controlam o estado, ele não poderá contar com o PT na sua administração. 

PT : não à Carlos Eduardo
Em reunião ocorrida ontem, 24, o Diretório Municipal do PT, depois de seis horas de auspicioso debate, decidiu por 26 votos contra 16, manter a decisão de não participar da administração de Carlos Eduardo.

Dos partidos que, na minha opinião, seguem uma linha de esquerda, PT e PCdoB[1], e com um certo esforço o PSOL[2], dois deles (PSOL e PT) não estarão na administração da cidade. PSOL, que elegeu dois vereadores, a reboque do fenômeno Amanda Gurgel (PSTU) manteve-se, sempre, com um discurso anti-sistema e logicamente não cogitou, em nenhum momento, sequer estabelecer qualquer nível de diálogo com Carlos. Típico dessa federação esquerdista. 

O PT, que apoiou “criticamente” a candidatura de Carlos Eduardo no segundo turno, depois de uma campanha muito boa do seu candidato, o conhecido deputado estadual Fernando Mineiro (PT), passou a viver o drama que segue um partido de esquerda ao se defrontar com uma administração de coalizão : o “sheakespeareano” participar ou não participar, eis a questão.
Virginia Ferreira : saiu antes de ser expulsa do PT.

E logo veio a primeira baixa. A coordenadora da equipe de transição carlista, Virginia Fernandes, que na realidade já não militava há muito tempo nas instâncias partidárias, preferiu sair antes de ser expulsa. Até aí nada de tão extraordinário.






Cipriano : recebeu o "não" do PT.
Posteriormente Carlos Eduardo convidou Raoni e o médico e professor da UFRN Cipriano Maia, conhecido pelo seu trabalho na defesa da saúde pública. Cipriano aceitou. Raoni não. Na comunidade acadêmica da UFRN, o convite à Cipriano foi bem recebido já que representa a montagem de uma equipe de alto nível, que já conta com a professora universitária aposentada Justina Iva e pelo vice-diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) da UFRN, José Dionisio, também muito bem visto no meio acadêmico.


Fátima defendia participar da gestão carlista.
A deputada federal Fátima Bezerra, campeã de votos do partido, defendeu a participação na administração carlista. Hugo Manso, eleito vereador, também defendeu a participação petista. Ambos tiveram suas posições derrotadas.





Hugo defendeu participação : PT disse "não".
Mas Mineiro, deputado estadual, foi contra. Fernando Lucena, que diz contabilizar o apoio de 19 "colegas" para ser eleito presidente da Câmara Municipal, também ficou contra.






Mineiro foi contra a participação :PT disse "sim".
Coincidentemente o Jornal de Hoje, um dos mais ferozes adversários de Carlos Eduardo, já aplaudiu a “atitude coerente” do partido.

A decisão do PT foi para "preservar a coerência" e manter a fidelidade de sua militância  ou foi, como me disse uma raposa petista, para eximir-se de um eventual fracasso de Carlos Eduardo, já pensando em 2014?



O fato concreto é que o PT de Natal, ranzinza, decidiu manter-se “neutro” quanto à gestão.


[1] PSTU, PCB, PCO, e POR são de extrema-esquerda
[2] Considero o PSOL uma federação de correntes sem unidade partidária.
Por Wellington Duarte. Tecnologia do Blogger.

Tema Original do WordPress. Adaptado por Lissiany Oliveira.