O
acirramento da disputa eleitoral envolvendo Dilma Rousseff e Aécio Neves trouxe
à tona o que já vinha se tornando evidente na sociedade brasileira: a
polarização. Uma polarização gerada não apenas pela luta que o Partido dos
Trabalhadores (PT) e o Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB), travam
desde 1994 e que, ao longo do tempo foi se tornando cada vez mais dura.
A
chegada do PT ao poder, em 2003, iniciou uma nova fase, visto que o PSDB/PFL
(hoje DEM) passou à oposição e, desde então, iniciou-se um processo de
satanização do PT, que nos anais da ciência política não encontram muitos
paralelos.
A
produção incessante de escândalos, mostrando, de fato, um aparelho estatal
apodrecido, passou a ser capitaneada pela oposição, na medida em que esta
tornou a corrupção peça-chave do seu discurso, visto que no campo das ideias o neoliberalismo,
adotado pelo PSDB/DEM/PPS, não era acatado por uma sociedade que estava em
mutação.
A
verdadeira revolução na pirâmide social, provocada pelo governo de coalizão, no
qual setores absolutamente divergentes conviviam, trouxe uma nova camada média,
chamada de classe média, apresentada ao mundo do consumo capitalista, mas com
nenhuma intermediação política, na medida em que o partido-líder desse
processo, o PT, aparentemente acreditou que a ascensão social provocaria uma
mudança nas suas consciências e que elas perceberiam que o avanço social
deveu-se a uma forte ação governamental. Doce ilusão.
A
denúncia, feita em meados de 2004, de haveria um repasse de recursos via “caixa
2”, pelo PT aos seus aliados, provocou na oposição uma histeria que logo se
transformaria em tática política para derrotar o primeiro governo de Lula. A
cunhagem feita pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB), que haveria um “mensalão”,
repasse mensais de dinheiro PÚBLICO, por parte do governo, tornou-se sinônimo
de corrupção.
Em 2005 Roberto Jefferson criou o termo "mensalão" : a imprensa e a oposição adotaram o termo como sinônimo de "governo do PT" |
Em
2008 o fascista histérico Reinaldo Azevêdo, de mediocridade intelectual
reconhecida, cunhou o termo “petralha”, para introduzir no imaginário a noção
de que o PT era uma quadrilha de bandidos, instaladas no estado e que se
reproduziam como vermes. O termo logo foi absorvido pelas pessoas, na medida em
que o STF, comandado pelo neo-fascista Joaquim Barbosa, talvez imaginando que
seu nome seria saudado como o “grande salvador”, conduziu uma das mais
escandalosas peças de deformação jurídica, tornando o julgamento da Ação Penal
470, um circo em que o PT passaria a ser execrado diariamente em redes de
televisão.
Em 2008 o fascista Reinaldo Azevedo criou o termo "petralha", e a oposição e mídia absorveram o termo para satanizar o PT |
A
baixa capacidade de resposta do PT e a péssima comunicação do governo
insuflaram a oposição e a satanização do PT passou a ser direcionada para os
dirigentes do partido. Era preciso desconstruí-lo e depois destruí-lo. Parece
que só os dirigentes petistas não perceberam o sério risco que corriam e o
governo continuou apostando que o desenvolvimento brecaria o anti-petismo.
Agora,
ciente de que uma derrota seria catastrófica, as oposições resolveram aplicar o
que a Venezuela, a Bolívia, o Equador, Honduras e Argentina já vivenciaram: a
aliança entre as oposições, a mídia oligopolizada, parte do Judiciário, as
corporações médicas, parte da Polícia Federal e os setores mais atrasados da
sociedade, que querem a destruição pura e simples do PT.
Coube
ao Partido da Imprensa Golpista (PIG), liderado pelas Organizações Globo,
aquela que deve mais de R$ 500 milhões em impostos, mas que recebe tratamento
diferenciado por parte do governo, tornar o PT e o Governo, símbolos da
corrupção, ampliando as denúncias de corrupção que envolve membros do PT e
praticamente “escondendo” as denúncias que envolvem partidos de oposição. É a
chamada “guerra de classes” em ação.
E,
nessa guerra, o ódio e o ressentimento emergem de forma brutal. O fascismo
tupiniquim, represado nas camadas mais altas da classe média, está exposto e
suas vísceras mostram o ódio que esses elementos têm para com a democracia. Se
essas figuras reacionárias dispusessem de armas, talvez estivéssemos bem além
de disputas retóricas.
Lobão é a expressão mais selvagem do neo-fascismo brasileiro e o ódio ao PT é a sua bandeira de luta |
O
ódio de classe enfim mostrou que a luta de classes não apenas sobreviveu aos “delírios
do consumo”, mas tornou-se forte e com determinação política de chegar ao
poder. O PSDB tomou o caminho do fascismo e insuflou suas massas a aderirem à
violência, ainda retórica.
Os
democratas e todas as forças progressistas estão diante de uma cruzada
reacionária, que só teve precedentes em 1954, quando se tornou necessária a
execração de Getúlio, e em 1964, quando os reacionários e parte da classe média
apoiou o Golpe de Abril, que Aécio Neves agora chama de “revolução”, talvez
para confortar os velhos caquéticos do Clube Militar, que o consideram a “salvação
do Brasil”.
Alea
Jacta east!
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