Pelo
que diz e repete ad nauseum a
propaganda tucana, seu candidato e sua claque Brasil afora, é chegada a hora de
colocarmos nossas roupas em sacos e correr para as cavernas ou montanhas de
algum lugar, pois o tristemente famoso “Dragão da Inflação” voltou.
Os
jornais e sítios especializados em economia alardeiam que o “Dragão”, que teria
sido domado por FHC, quando criou o Plano Real, foi solto agora pela presidente
Dilma Rousseff e por seu ministro da Fazenda, Guido Mantega.
A
sensação de ser engolido pelo Dragão é maior do que saber se ele realmente
existe, e essa é a sua força. Mas, a inflação voltou ou não voltou? E se
voltou, estamos sob ameaça?
Dragão da Inflação - Versão tucana de 2014 |
Primeiro
é bom dizer que a inflação realmente caiu durante a era tucana. Caiu de 22,41%
em 1995, para 9,56% em 1996, 5,22% em 1997, chegando a 1,66% em 1998. Tivemos,
em 1995, um crescimento do PIB de 4,2%, já em marcha decrescente com relação a
1994 (que fora de 5,8%), 2,2% em 1996 e 3,4% em 1997, quando se dizia que era o
auge do Plano Real.
Inflação
em queda bastante interessante, mas acompanhada de queda não menos interessante
do PIB significou perda de dinamicidade da economia e uma extrema fragilidade
nas contas externas, pois com nossa economia dolarizada, importar ficou muito
mais atraente do que exportar. Pimba! Sem consumo, devido à retração de salários,
não há produção; sem produção não há investimentos. E com o Real
artificialmente valorizado, ficamos muito expostos às crises do câmbio.
Levamos
uma paulada em 1996 com a “crise da Tequila”, que devastou a economia mexicana
e mostrou nossa debilidade. A crise do oriente, no ano seguinte e o ataque
especulativo que a Rússia sofreu em 1998, fizeram DESABAR o Plano Real, mas o
presidente FHC, tal qual tinha feito Sarney em 1986, manteve o Real valorizado
até DEPOIS das eleições, quando foi reeleito e pode abrir as comportas da
crise. Em 1998 nosso PIB cresceu 0,0%,
enquanto a inflação desabava, gerando uma paralisação na economia.
Ai
entra a figura de Armínio Fraga, o archote de FHC para acabar com a inflação. Fraga
era EMPREGADO do maior especulador da terra, George Soros e parecia ser a
receita certa para acabar com os ataques ao “poderoso” Real. E o moço se
deparou com uma dívida pública estourada, já que o tucano FHC tentara expandir,
sem sucesso, a economia jogando títulos públicos no mercado e captando recursos
com o desmonte da estrutura estatal que o Brasil tinha. Não deu certo.
Armínio Fraga e George Soros : de empregado do maior especulador do planeta a presidente do Banco Central |
Em
1999 o PIB cresceu 0,3% e a inflação foi de 8,94%. E Armínio DESVALORIZOU o
Real com força. E a força foi tão grande que a economia entrou em parafuso,
forçando o Governo a adotar, em julho de 1999, o Regime de Metas de Inflação,
estabelecendo o teto mínimo em 2,5%, o centro em 4,5% e o teto máximo em 6,5%,
para dar uma resposta ao mercado financeiro, que ameaçava outro ataque
especulativo ao Real.
Pronto.
Tudo se resolveu? Bem, em 2000 a inflação foi de 5,97% e o PIB cresceu 4,3%,
mas a dívida pública continuou a crescer, impulsionada por altas taxas de
juros, que brecavam o consumo para não aumentar os preços.
Ora,
mas pelo menos o governo controlou a inflação, certo? Errado. Em 2001 a
inflação foi de 7,67%, estourando a meta e com um PIB de 1,3%. E no ano da
graça de 2002, em meio a aumentos constantes das taxas de juros, a inflação
chegou a 12,53%, enquanto o PIB cresceria 2,7%.
Bem,
de 2003, primeiro ano de reconstrução do arrasado país até hoje, 2014, o “Dragão”
parece ter sido debelado, embora os apóstolos do fim do mundo digam o
contrário. Vejamos:
2003
– 9,30%
2004
– 7,60%
2005
– 5,69%
2006
– 3,14%
2007
– 4,45%
2008
– 5,90%
2009
– 4,31%
2010
– 5,90%
2011
– 6,50%
2012
– 5,83%
2013
– 5,91%
2014
(estimativa) – 6,5%
Se
considerarmos o ano de 2003 como o ano de contenção da crise e o de 2004 o
começo de um novo ciclo, EM NENHUM ANO DEPOIS A INFLAÇÃO ULTRAPASSOU O TETO DA
META. Ora, olhando a inflação a partir do período em que foi criado o Regime de
Metas, só no primeiro ano o governo FHC cumpriu.
Ou
seja, o discurso do descontrole da inflação não apenas é falacioso, é cínico,
pois foi exatamente na época em que o agora “bom moço” de Aécio, Armírio Fraga,
tem a petulância de criticar a política econômica do governo.
Pode
tentar mentir, mas a história o desmente.
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