domingo, 16 de março de 2014

RIO GRANDE DO NORTE : NA TERRA DE POTI, MANDAM OS CACIQUES!

As chuvas que mostraram, mais uma vez, que Natal é uma cidade semidestruída, em boa medida pelos quatro anos de desconstrução feita pela “borboleta da destruição”, Micarla de Sousa, à época efusivamente cortejada como o “novo” pelos clãs que controlam a política potiguar, e é bom que ninguém esqueça isso, conseguiu maioria nas urnas, no parlamento e nos corações e mentes de boa parte da nossa sociedade “politizada”.
 Os escombros deixados pela gestão não foram suficientes para a mesma sociedade “politizada” julgar seus apoiadores, e grande parte deles foi reeleita para o parlamento e como parasitas dinâmicos que são, já escoraram na nova administração e voltam à sua vida cotidiana : monotonia e fisiologismo militante.
 Na esteira da vitória micarlista, no primeiro turno, veio o clã Rosado e, apoiado pelos mesmos clãs, venceu as eleições de 2010 prometendo “muito trabalho” e com o lema "RN Três Vezes Mais Forte". O "trabalho" e a "força" gerou um RN ser devastado pela incompetência dos dirigentes nomeados pela caneta fisiológica, destruído pela inação e sofrendo os efeitos da aliança diabólica de São Pedro, que fechou as torneiras e nos mandou uma seca devastadora, e máquina putrefata que forma o governo do RN, já carcomida pelo servilismo e incapaz de se renovar eticamente.
 Mergulhado numa crise moral, política, econômica, financeira e de gestão, o RN, que vive de espasmos econômicos e esperanças em “acontecimento” externo que trarão a “redenção” econômica, como o novo Aeroporto, que levará o nome de ninguém menos do que Aluízio Alves, cujas lideranças projetam um “novo RN” a partir desse aeroporto, o que intriga os economistas mais críticos, já que ninguém em são consciência acha que a construção de um aqueduto num lugar onde não tem água poderia trazer algum benefício.
Mas eis que o ano eleitoral chega e os milagres voltam a fazer parte das promessas e dos devaneios da chamada “classe política”, que de classe nada tem, e que embebeda, novamente a sociedade com seus jogos mortais, na construção de coalizões e candidaturas, tão próximas do povo quanto o Olimpo é dos seus súditos.
O líder maior dos Maia e chefe do DEM, José Agripino, decretou nesse final de semana a morte da candidatura Rosalba à reeleição[1] e apontou para algo que ninguém, a não todo o RN, sabia: ira juntar-se a aliança que se forma em torno de Henrique Alves, atualmente o homem mais poderoso do RN.
 O chororô de Agripino, vendo seu partido definhar aqui e lá fora, não retira sua força eleitoral, que tem força mesmo aqui em Natal, afinal reacionarismo e atraso são coisas permanentes numa sociedade de classes e com a riqueza concentrada. A força de Agripino é inegável e, por isso, ele se livrará desse “incômodo” chamado Rosalba Ciarlini Rosado, que caminha para uma saída melancólica do seu funesto governo.
Wilma de Faria, a inegável Fênix da política potiguar, prepara mais um voo, ungida, novamente, pelos clãs, responsáveis em outros tempos por sua glória e ostracismo, e o senado parece ser o local que mais lhe agrada para ver renascer seu poder político. Sua candidatura recebeu força de uma provável aliança de Carlos Eduardo (PDT), com o PMDB, caminho lógico, embora não desejável para quem é progressista, mas enxerga a política como um jogo de necessidades e sobrevivências.
Ao PMDB já se juntaram o PR, de João Maia, um apêndice dos clãs e o PROS, partido que vai do nada para lugar nenhum e que serve para abrigar os mesmos que vivem a saltar de sigla em sigla na busca do seu “cantinho” perto do poder. A aliança “dos de sempre” se impõe e os que poderiam mudar reviram-se e pinoteiam sem saber o que fazer.
 O PT, que lidera a coalizão no Brasil, mas que aqui vive de esperanças, despedaçado e unido, fracionado e reajuntado, foi sumariamente escanteado pelo PMDB, que cozinhou a candidatura ao Senado de Fátima Bezerra, até que ela não serviu mais. Descarte clássico, e o PT respondeu na correria para encontrar novas esperanças. Encontrou no defenestrado vice-governador, Robinson Faria (PSD), apoiador de primeira hora de Rosalba, e pomposamente colocado no limbo pela mesma pessoa que ele apoiara. A aliança PSD e PT, uma espécie de “casório de rejeitados” tenta se firmar como uma alternativa e tenta unificar seus quadros para eleger Fátima e pelo menos manter suas bancadas federal e estadual.
 O PCdoB, pequeno no Brasil e minúsculo no RN, mas dotado de uma força política que não se reflete nas urnas, ficou feito barata tonta, tentando evitar a ruptura entre PMDB e PT, que é ruim para o governo nacional, e, diante do quadro consumado, está buscando uma alternativa para sobreviver nessa avalanche fisiológica.
As candidaturas de Henrique e Robinson parecem consolidadas, embora o jogo político no RN seja tão forte quanto um castelo de areia construído num dia de chuva, e o horizonte, antes cinzento, apresenta grandes nuvens negras.
Sem uma esquerda forte politica e eleitoralmente, com uma direita sempre firme e convicta de suas aspirações e força e com uma economia combalida, o que a torna alvo fácil da demagogia dos “politicanalhas” de plantão, vivenciamos que o tabuleiro de xadrez da política potiguar parece mexer suas pedras num jogo em que o resultado sempre está acertado.


[1] Ver em : http://tribunadonorte.com.br/noticia/prioridade-do-dem-e-a-eleicao-proporcional/276788.

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