quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

GARIBALDI E O "MANTRA PREVIDENCIÁRIO" : A QUEM INTERESSA?


Nos caminhos sujos e nebulosos da política potiguar, alguns nomes se destacam por manter nosso estado nesse patamar quase feudal em termos de relações políticas: José Agripino Maia, Garibaldi Alves Filho e Henrique Eduardo Alves. Os três foram protagonistas, nos últimos 30-40 anos de tudo que aconteceu no Rio Grande do Norte. Há, é claro, o clã semi-feudal dos Rosado e outras pequenas ramificações, mas estes três nomes são o que se pode considerar de “visível” do iceberg que mantém nossa sociedade perdida no tempo.

Hoje Agripino Maia, que já foi um nome poderoso no RN, que dava as cartas, muito em parte devido às suas íntimas relações com os generais da Ditadura e posteriormente com o tucanato de Fernando Henrique Cardoso, amarga uma posição secundária no plano nacional com o seu partido, o Democratas[1], que tem raízes na ARENA[2], mas mantém uma forte lideranças nos grotões da política local.

Garibaldi Alves, por sua vez, tem marcado a política com sua presença[3] constante nos altos círculos do poder local, quer como deputado estadual, prefeito, governador e senador. Desde janeiro de 2011 assumiu a pasta de Previdência e não tem tido nenhum problema com os rentistas e os tucanos-democratas, já que assumiu a tarefa de fazer uma nova contrarreforma da previdência.

Garibaldi defende nova contra-reforma da previdência
Partidário do “fator previdenciário”, que diminui criminosamente o valor das aposentadorias, e do discurso falacioso de que a aposentadoria é “injusta” porque o trabalhador, maldito seja, se aposenta “muito cedo”, o nobre herdeiro do clã Alves deu, na semana passada novas declarações que revelam seu interesses quanto a chamada "questão previdenciária". Estas declarações, reveladoras, deixaram os sindicalistas enfurecidos, já que o senhor ministro parece, mas apenas parece, ignorar a situação de penúria da MAIORIA dos aposentados brasileiros, submetidos a condições vexatórias ao final de sua vida. Ao contrário do senhor Garibaldi, que certamente terá uma mais do que polpuda aposentadoria, o “bagaço” chamado aposentado, vive à míngua.

O que o ministro não diz, e não dirá nunca, é que o chamado “déficit previdenciário”, só terá uma redução na medida em que os salários dos trabalhadores aumentarem, o que elevaria sua contribuição. Emprego e bons salários são garantia de recursos para a Previdência, além de mudanças quanto a alocação de recursos, hoje destinados a entupir a cumbuca dos rentistas e dos banqueiros. 

O Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese), que não deve ter nenhuma importância para o ministro, revela que, do total de 87.923.586 de pessoas empregadas no país, 50,6% ganham até um salário mínimo, 85,4% até dois mínimos e apenas 14,6% recebem acima destes valores. E no Nordeste, região onde o ministro nasceu e detém suas raízes políticas, é o local onde os trabalhadores recebem os menores rendimentos - 73,8% ganham até um salário mínimo. 

Esse “blá-blá-blá” de Garibaldi, aliás, não é novo, já que desde 2003 até setores petistas mais próximos ao Governo, assimilaram a tese de que o melhor é tratar do “rombo” da Previdência, colocando num segundo plano os principais beneficiários dela, os “privilegiados”, como dá a entender o nobre ministro.


[1] O Partido da Frente Liberal (PFL) nasceu em 1985 para dar suporte político aos dissidentes do PDS que eram contra a candidatura de Paulo Maluf (PDS) à presidência da república. Aliaram-se ao PMDB e passaram a governar o país e participando de TODOS os governos até 2003, quando foi para a oposição. Em 2007, diante da rejeição cada vez maior a sigla PFL, passou a denominar-se Democratas (DEM) e tem sido, junto com o PSDB e o PPS, feito feroz oposição ao Governo.

[2] Para os desmemoriados e desinformados, a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), foi criada em 1965 pelos “milicos”, para darem um ambiente institucional ao Golpe de 1° de abril de 1964. Até a sua transformação em Partido Democrático Social (PDS), em 1979, servia como o braço político dos generais. Em abril de 1993 o PDS fundiu-se com o inexpressivo Partido Democrata-Cristão (PDC) e formou o Partido Progressista Renovador(PPR), com Paulo Maluf na presidência. Dois anos depois, em setembro de 1995, para ajustar-se aos “novos tempos do Real”, fundiu-se com o microscópico Partido Progressista (PP) e formou o Partido  Progressista Brasileiro (PPB), dando sustentação a todo período FHC. Em 2003, após a vitória de Lula, o PPB, sempre “adaptando-se” a “novas situações”, passou a denominar-se Partido Progressista (PP) e de lá até hoje integra a base de apoio ao Governo, com pequenos e oportunistas “surtos oposicionistas”. 

[3] Em 1966, aos 19 anos, foi feito Chefe de Gabinete do prefeito Agnelo Alves, que então flertava com a Ditadura, embora estivesse no MDB. Com a cassação do seu tio Aluízio Alves e do próprio Agnelo, candidatou-se à Assembleia Legislativa em 1970, tendo sido reeleito em 1974, 1978 e 1982, tendo sido eleito prefeito em 1984. Em 1990 foi eleito senador e em 1994 governador, reeleito em 1998. Em 2002 volta ao Senado e em 2006, tenta volta ao Governo do RN, sendo derrotado por Wilma de Faria. Retorna ao Senado e em 2007 é eleito seu presidente. Em 2010 foi reeleito senador e em janeiro de 2011 foi nomeado ministro da Previdência e Assistência Social.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por Wellington Duarte. Tecnologia do Blogger.

Tema Original do WordPress. Adaptado por Lissiany Oliveira.