A
pesquisa divulga, e alardeada nesse final de semana, do Instituto Sensus, sob o
nome de “Pesquisa IstoÉ/Sensus”, revela que a luta política ultrapassou os
limites da nossa frágil democracia. A entrada de membros da Polícia Federal, de
juízes do Judiciário, das oligarquias que controlam os meios de comunicação e
da elite paulista, na corrida presidencial, com toda a força de que dispõe,
expressa que a luta de classes vive e opera de forma violenta no nosso país.
A
manipulação dos dados, como aumentar os pesos das amostras de forma
desproporcional, e a apresentação da pesquisa, que foi feita pela própria
Census, mas que aparece como IstoÉ/Sensus, para, quem sabe, dar credibilidade a
um instituto cujo dono foi vice de Aécio Neves, mostram natureza dessa “pesquisa”.
Aliás, realizada no mesmo período dos institutos IBOPE e Datafolha, que davam
empate entre os dois candidatos, a distorção estatística é tão escandalosa que
certamente “obrigará” aos outros dois Institutos, adequarem suas metodologias,
para que os resultados não sejam tão diferentes. A direita precisa de
uniformidade para passar a sensação de normalidade.
A
direita enfim mostrou sua face. E de maneira contundente, pois mobiliza
abertamente todos os seus recursos contra o Partido dos Trabalhadores (PT). Não
aguentam mais o PT no comando do governo federação. Cansaram de negociar; de se
valer do PMDB para negociar seus interesses. Querem ESTAR no poder. E Aécio, um
medíocre senador que é de Minas Gerais e mora no Rio de Janeiro, tornou-se um
símbolo dessa aliança. A Direita que, em certo momento, insuflou Marina Silva,
mas viu a sua inconsistência ideológica e, por conseguinte, não confiável, fez
uma manobra de recuperar Aécio e assim fez.
Essa
é a Direita brasileira e é bom que se recupere a memória de 1964, pois o Golpe
de abril de 1964, embora tenha sido efetuado, e depois comandado pelos
militares, foi montado e articulado pelos partidos direitistas e por organismos
da sociedade civil, inclusive muitos institutos de pesquisa. A memória do
brasileiro, condicionada pelo que a Globo diz e “revela”, já apagou os
condicionantes desse Golpe. Se tivéssemos uma memória, veríamos que o que
estamos presenciando é um GOLPE, feito abertamente e que não utiliza tanques,
mas os instrumentos que a democracia dispõe.
Mais
do que isso, a Direita, quando se organiza em conjunto, tem um poder que não
deve ser desprezado. O uso de tecnologia e das redes sociais, novo campo de
luta política, mostra que a Direita pode mobilizar um exército para “criar um
ambiente”, não precisando, portanto, das marchas de 64, que preparavam o
terreno para o Golpe. As débeis tentativas do PT em denunciar, perante a Justiça,
as ações da Direita, são como uma criança de 10 anos enfrentar Mike Tyson.
A
Esquerda tupiniquim, muito mais defensora da democracia do que a Direita, tem
permanecido na defensiva desde o processo de redemocratização. Sofreu um golpe
em 1989, quando a Globo manipulou o processo eleitoral de maneira tão
escandalosa que virou matéria em todas as esferas da academia; foi esmagado
pela mídia em 1994 e 1998, quando foi taxada de “antinacional”, enquanto o
Plano Real devorava empregos, fazia explodir a dívida pública e inaugurava a “privataria”;
em 2002, quando a eleição de Lula foi mostrada como prenúncio de uma “devastadora
fuga de capitais”, o que não ocorreu; em 2005, quando TODA a mídia, e a
extrema-esquerda acusaram o PT de ser uma quadrilha de bandidos; e em 2009,
quando o governo passou a ser taxado de “ditadura petista”.
O
processo eleitoral desse ano revelou a luta de classes, que de tão complexa,
coloca oprimidos defendendo opressores, mas que revela uma burocracia corrupta,
que infesta o Estado brasileiro e que, por várias razões, quer um governo
tucano, pródigo em enterrar processos de investigação; mostra que fascistas,
reacionários, anti-lulistas, anti-petistas e toda a esfera de reacionários,
está apostando na sua volta ao poder.
No
lado da esquerda, agora vendo que a Direita quer definitivamente o poder, a
mobilização, embora tardia, começou a acontecer. As centrais sindicais estão se
mobilizando; as organizações sociais, que receberam pouca atenção do governo
nesses anos, também se posicionam a favor do governo; e várias dissidências do
PSB, aliado do governo desde 1989, mas que abraçou o “tucanato” agora, ameaça a
unidade de um partido moribundo ideologicamente.
A
batalha vai ser dura e, ao contrário da Sensus, que age como operadora do
sistema, o resultado tornará o Brasil um “tucanistão” neoliberal ou
continuaremos avançando.
Que
vença o Brasil que avança!
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