Se
há uma palavra que tem navegado pela boca do povo e pelas redes sociais nos últimos
tempos, e a palavra ‘corrupção’. Vinda do latim corruptus, que significa "quebrado em pedaços", sendo que
o verbo ‘corromper’ significa ‘torna-se podre’, essa palavrinha provoca orgasmos em certos segmentos da população.
E pelo que se percebe estamos
num país dividido entre os que se vestem de branco e estão maculados contra “o
outro lado”, formado por demônios corrompidos e vestidos com trapos sujos e mau
cheirosos.
Essa
imagem apocalíptica da sociedade brasileira vem sendo disseminada pelos vestais
das redes sociais e por uma mídia que, enquanto sonega impostos, noticia atos
de corrupção em seus noticiários, dando a impressão de que o Estado é o “grande
Satã”, uma forma dissimulada de defender a redução do Estado e, por
conseguinte, de favorecer às ideias liberais, expressas no limite, nas palavras
do pastor Everaldo (PSC) que, a julgar por elas, pretende privatizar a
terra, o Céu e, se brincar, o Inferno.
E
quem mais sofre com essa disseminação da palavrinha mágica, que esconde toda
uma série de deformações do sistema, é o Partido dos Trabalhadores (PT). O PT,
que comanda uma coalizão que vai da direita à esquerda, desde 2003, tem sido
alvo, desde o primeiro dia em que Lula colocou os pés no palácio da Alvorada,
de instalar uma quadrilha para surrupiar as riquezas do país.
Talvez
campanha mais difamatória só ocorreria se caso o Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
chegasse a eleger o presidente da República, visto que há algum tempo uma
TAPIOCA comida pelo ministro do Esporte, Orlando Miranda e pago indevidamente
num cartão corporativo, e depois ressarcido, coisa de R$ 5, quase infarta os
vestais de plantão.
O PT
é execrado, difamado, apedrejado, esculhambado, defenestrado e odiado. Surtos
de ódio são vistos a todo momento e invariavelmente próceres da oposição vem à
público para brada sobre a “roubalheira” promovida pelo PT. Sem nenhum pudor,
líderes do Democratas (DEM), o mesmo PFL que nasceu do ventre do finado PDS,
que era a ARENA; do PSDB, que nasceu social-democrata e adorou o ideário
neoliberal; do PPS, o sucessor do PCB e que transformou-se numa “coisa estranha”
pois apregoa o neoliberalismo enquanto mantém o epíteto “socialista” em seu
nome; e de vários outros partidos, incluindo o PMDB, partido que se apega ao
poder como um carrapato às carnes macias das suas vítimas, se arvoram "protetores da nação corrompida pelo PT".
Mas,
quem é mesmo o “partido dos corruptos”? Que partido poderia ser taxado como
tal? O Movimento de Combate à Corrupção (MCC) publicou, em 2009, um dossiê
chamado “Políticos Cassados por Corrupção Eleitoral” em que DEM, PSDB e PMDB
responderam, à época, por 57,0% das cassações por corrupção eleitoral e se
juntarmos à essa conta o PTB e o PPS, chega-se a 68,0% dos casos.
Sintomático
também foi que nas eleições desse ano da graça de 2014, os Tribunais Regionais
Eleitorais (TER’s) tinham barrado, até agosto de 2014, 317 candidatos, com base
na Lei da Ficha Limpa, e o PSDB teve 56 candidaturas barradas, vindo em seguida
o PMDB, com 49 candidaturas barradas, ou seja, 33,1% dos “barrados no baile”
são desses dois partidos, o que desqualifica quaisquer acusação contra o PT.
A tríade dos partido mais corruptos : 68% dos casos de políticos cassados |
Sintomático
é que os vestais que advogam “protetores da sociedade” e sonham em fulminar o
PT, se refugiam nessas agremiações ou apoiam candidaturas que tem um histórico
nada “moralizante”, o que indica que o discurso, na verdade, é uma peça de
teatro em que o que realmente está por trás é o ódio de classe, já que, em
tese, o PT representa uma constante ameaça aos que vivem pendurados nas tetas
do governo há gerações.
Obviamente
que em nenhum partido há essa “pureza” pregada pelos falsos vestais, visto que
a corrupção expressa uma relação que se encontra no seio da sociedade, afinal
de contas corruptores e corruptos não nascem dentro do Estado. Há corruptos até nas Igrejas, o que dirá nos
partidos.
Esse
processo eleitoral tem revelado a face mais hipócrita dos falsos moralistas e
uma sociedade que convive alegremente com a corrupção, já que elegem os mesmos
representantes “contaminados” por esse “vírus”, e que, talvez como forma de
auto-penitência, vocifera contra a corrupção.
E la
vida vá.
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