A
uma semana das eleições, o Rio Grande do Norte vive na expectativa de mais um
processo eleitoral. Enquanto nossos açudes secam; nossa segurança é uma piada;
nossa saúde é uma tragédia; nossa educação uma catástrofe; e nossos governantes
são um grande nada, os comícios, passeatas, tapinhas nas costas, carreatas
enfadonhas e os malditos carros de som, formam um mosaico cujos afrescos estão
sujos com a poeira do atraso político e econômico.
O
Rio Grande do Norte, essa grande fazenda governada desde 1889, ano em que o
marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República, por famílias poderosas e
auxiliadas por um pequeno exército de clãs locais, que mudam de lado conforme
seus interesses auto reprodutores, vai as urnas para eleger seu governador, um
senador, oito deputados federais e vinte e quatro deputados estaduais, além de
colaborar para eleger o presidente da República.
De Pedro Velho aos nossos dias : a eternização dos clãs |
E
vivemos num mundo contraditório, onde vestais e corruptos trocam de posições de
acordo com seus interesses; onde os discursos se revelam tão intensos quanto
ocos; onde a decadência política faz com que tenhamos que presenciar o batismo
de novos filhotes de mini-clãs, emergindo como novos e os velhos servos dos
eternos coronéis com a mesma enfadonha ladainha.
Em
um ambiente em que o atraso econômico é visível, sua expressão política não
podia ser diferente. Se olharmos o passado certamente encontraremos esses nomes
que hoje pululam nas telinhas e nos meios de comunicação e isso pode causar
vergonha e espanto. Estamos em 2014 e reproduzimos as elites que se alimentam
do doce leite que vem das mamas ressequidas do nosso estado desde que D. Pedro
II inaugurou um sistema em que a troca de favores era o motor da política. As
elites vampirescas se refestelam num banquete em que o prato principal é o
eleitor.
Eleitor do RN : condenados pela omissão? |
Podemos,
se a maldição dos clãs continuar a nos atingir, ter um senado com três
representantes das elites carcomidas; uma representação na Câmara que mais
parece indicação de nomes dos nossos senhores; e uma Assembleia Legislativa que
os chefetes de clãs e os seus filhotes poderão ficar brincando de fazer política
por mais quatro anos, enquanto nosso estado vegeta.
O espaço
de manobra é curto, mas quem sabe um sopro de ar menos intoxicado comece a se
fazer sentir e comecemos a construir a nossa saída essa cela. A saída do nosso
atraso não virá de santos, nem de líderes miraculosos. Não virá de “milagreiros”
vestidos de esquerdistas e que ficam esbravejando contra o sistema, escanchado
nos seus empregos estáveis. Não sairá do ventre dos que se proclamam honestos e
servem aos clãs e nem dos céus ou inferno.
A saída
da cela será por obra do voto e teremos que começar a escorraçar essa matilha
peçonhenta com mais democracia, mais progresso social, mas educação e mais
desenvolvimento.
Só a
política salva e é preciso resgatá-la!