domingo, 6 de outubro de 2013

A ESQUERDA POTIGUAR E O FAUSTO, DE GOETHE : ENSINAMENTOS

Poucos potiguares devem saber quem foi o alemão Johann Wolfgang von Goethe, que viveu nas terras germânicas lá pelos séculos XVIII e XIX, o que já o excluiria da memória curta dos tupiniquins. Além disso, por que haveria de interessar a vida e obra desse personagem, quando nos interessa mais a desinformação do que a informação? 
Este alemão, entretanto, escreveu uma obra, arrisco dizer desconhecida para a esmagadora maioria dos potiguares, e lida por alguns poucos. Chama-se Fausto, uma tragédia, escrito a partir de 1775 e publicado em 1808, e é, na realidade uma complexa construção literária, na verdade um poema, sob forma de peça de teatro, na sua primeira parte e como enredo na segunda parte.

E o que diabos o poema de Goethe tem a ver com a minha reflexão? Talvez nada, podendo estar, esse escriba escrevendo asneiras ou talvez tudo, por servir como um elemento de reflexão sobre os caminhos da esquerda no Rio Grande Norte e a sua trajetória ao longo das décadas. As esquerdas, em nome da impossibilidade revolucionária e em decorrência da falta de elementos objetivos e subjetivos para a eclosão de um processo revolucionário, o que é uma verdade inconteste, mergulharam na institucionalidade e nela cresceram, tornaram-se conhecidas e passaram a flertar com o sistema que as empurra para o gueto.
Mefístofeles toca os ombros da esquálida esquerda, perdida entre a vontade de ser transformadora e a realidade que a faz torna-se eleitoreira e oportunista, e oferece possibilidades de crescimento via acomodação dos pequenos demônios, lugar-tenentes do Senhor da Discórdia. Toda vez que a esquerda bebe dos ensinamentos de Mefístofeles e abriga os lacaios, os chefetes locais, os parasitas, corruptos, vermes desgarrados ou banidos das agremiações fantasmas que vagueiam pelo portal do inferno partidário, inchará e aparecerá, à primeira vista, como algo robusto e pronto para ir em frente, mas o inchaço logo se revela uma doença que apodrece os princípios dessa esquerda esquálida e pálida.

Na terra de Poti, afora o Exército do Final dos Tempos (PSTU), cujos discursos mequetrefes e a ações demagógicas da vereadora gasguita, só sem comparam aos seus companheiros da Vanguarda do Atraso (PSOL), o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), tem a responsabilidade de tentar retirar o RN do atraso político, econômico e social, derivado dos governos de clãs, que se apossaram das esferas do poder e se refestelam num banquete sobre as riquezas daqui. Tarefa árdua e que exige que se construam organizações fortes e preparadas, coisa que não existe. Com organizações débeis, dirigentes sobrecarregados, ausência de uma militância que acredite nos seus dirigentes e recheadas de oportunistas e carreiristas, PT e PCdoB amargam uma sobrevivência vegetativa na sua história eleitoral.
Mefistofeles, rindo do seu trono flamejante, regozija-se com as ações e decisões dos  dirigentes desses partidos. Um acoplado à federação fisiológica que até pouco tempo sustentava o governo do DEM e outro que busca nos chefetes locais, respirar partidariamente e sair do marasmo que está mergulhado há anos.

Vamos torcer para que a história desses partidos não fique no meio do caminho, como no poema de Goethe, em que Mefístofeles cobra a dívida. Vamos torcer para que PT e PCdoB, mergulhados no eleitoralismo e no institucionalismo, recuperem seus vigores revolucionários e entendam que, enquanto alimentarmos a matilha de se refestela nas riquezas potiguares não poderemos escapar da pobreza, da ignorância e da injustiça.

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