A guerra nada santa promovida pelas
corporações de ofício do século XXI contra o programa Mais Médicos, e agora a
xenofobia corporativa contra a chegada dos médicos vindos de Cuba, mostra a
face anacrônica de uma corporação que se firma na defesa de um pensamento que
nem a lógica freudiana explicaria. Ser contra um profissional que vai trabalhar
num lugar que ele não quer ir.
Desde o anúncio desse programa, que as
corporações, movidas por uma visão tosca de vergonhosa e clara “reserva de
mercado”, levantaram as espadas e iniciaram uma feroz batalha contra o Programa
e a vinda dos médicos estrangeiros.
A Federação Nacional dos Médicos (FENAM),
talvez movida por um “surto abolicionista” e “muito preocupada” com os “coitados”
dos médicos cubanos, os mesmos que algumas belas e inúteis patricinhas de
jaleco branco vaiaram, em Fortaleza, pediram à Procuradoria-Geral do Trabalho,
que parece não ter o que fazer, a investigação da relação de trabalho dos
profissionais que atuarão pelo Mais Médicos[1].
Essa mesma corporação entrou junto com a “conhecidíssima”
Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados
(CNTU), com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para revogar a medida
provisória que criou o programa. Estão juntando os penduricalhos sindicais e
associativos para formar uma frente contra o Mais Médicos.
Geraldo Ferreira : pedantismo e sandice abolicionista. |
O presidente da FENAM, Geraldo Ferreira
Filho, assumindo sua “liderança” contra o governo, afirmou que “hoje, o único grupo organizado que enfrenta
o governo é o dos médicos. E o governo passou a nos ver como os inimigos, seus
adversários”, como estivéssemos em alguma guerra civil e que o Exército do
Jaleco Branco fosse nossa redenção. Segundo ele, o país vive sua pior campanha
política contra um grupo de profissionais. “O
que importa é que a cidade que não tem médico deve sim ter um médico. Mas um
médico, não um curandeiro, um médico improvisado ou o trabalho escravo.” [2], demonstrando um “alto”
conhecimento sobre normas internacionais e um “profundo” conhecimento sobre o
histórico dos médicos e da própria medicina cubana.
A Associação Médica Brasileira (AMB) foi mais
além, ao criticar duramente o programa, ao afirmar que "Trata-se de nítida manobra
político-eleitoral, uma vez que se aproveita do clamor público oriundo das ruas
para impor uma medida inócua e populista, que não enfrenta os reais problemas
do sistema público de saúde", disse a AMB em documento divulgado na
sexta passada (23).
Finalmente os abolicionistas do Conselho
Federal de Medicina (CFM), depois de serem os mais radicais na oposição ao
Programa e à vinda dos médicos estrangeiros, vieram a público dizer que são
contra “atos de xenofobia”, ao mesmo tempo em que mantiveram o discurso típico
dos reacionários anti-cubanos e a tese maluca de que os médicos cubanos são “escravos”[3].
Aos olhos atônitos da população e longe, mas
bem longe dos pobres das periferias e dos rincões que serão beneficiados por
esses “escravos”, os ensandecidos dirigentes dessas corporações parecem inebriados
pelo seu elitismo estilo senzala, pelo pedantismo “doutores o” e por uma
escancarada defesa do status quo da
saúde, ou seja, danem-se os pobres e viva meu espaço!
Essa batalha, que está apenas começando e que
promete ser recheada de novas e lamentáveis ações e atitudes, já tem um perdedor:
a categoria médica. Tão importante para a população, essa categoria, mergulha
nos sonhos delirantes dos seus líderes e está conseguindo atrair a antipatia de
vários segmentos da sociedade.
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