Enquanto
o mundo está atento ao que acontece na península coreana, com a ameaça de um
confronto nuclea; ou vê a Síria ser tragada numa brutal guerra civil que já matou mais de 30 mil pessoas; ou uma
Europa ofegante, sem saber como sair de uma espetacular crise, a mídia e as
redes sociais locais voltaram seu foco para o “nú artístico” da UFRN.
O nu em foma de arte na UFRN : o mundo vai acabar? |
Pouco
mais de seis estudantes de Antropologia fizeram uma apresentação ao lado do
prédio do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes (CCHA). Despidos e com “as
vergonhas à mostra”, jovens dançaram alegremente, movidos por um esforçado
grupo de colegas que tentavam tocar música, para mover os nús.
Espetáculo
de liberdade, estranhamente feito por uns encapuzados, talvez por temerem
represália da sociedade e da instituição. Mas, se era um ato de liberdade, o
capuz não contradiz essa premissa? Com a palavra os nús. Mais interessante foi
o fato de que as fotos foram “censuradas” pelos que postaram, numa ação
contraditória entre o objetivo e a exposição do ato em si. Vá entender.
Em
dezembro um jovem aluno do Curso de História também despiu-se das vestes para
um “protesto lúdico” contra práticas professorais. E foi aquela folia. As redes
sociais adoraram. E o "nu" daquela ocasião, sumiu.
Agora
o nús sacudiram as mesmas redes. Posicionamentos irados contra e a favor
pulularam nas redes, sem nenhum efeito prático é claro. Além de discussões estéreis e recheadas de preconceitos, de parte a parte, mostraram que certos fatos, sem importância, são alçados à esfera do estrelato, para em seguida desaparecerem. É o que acontecerá.
A
sociedade, ocupada com coisas mais importantes, ou não dá a mínima atenção para
esse “fato grandioso”; ou encara como algo “exótico”, sem nenhuma importância
também; ou o trata de forma preconceituosa e discriminatória, que também não
produz nenhum efeito prático.
Sem
querer no mérito de uma discussão que nem acho que tenha algum mérito, as
manifestações culturais e artísticas devem ser respeitadas, desde que esse
grupos pelo menos avisem às pessoas do que se trata. E os que vivem numa “sociedade
manietada pela consciência burguesa e reprimida no seu eu”, não são obrigados a
gostar ou aceitar estas manifestações. Faz parte da natureza complexa de
qualquer sociedade.
O
que não se pode é aceitar que os que defendem tais atos caminhem de forma
inversa e tentem impor a “sua” visão de sociedade aos “atrasados”. Quem aposta
em atos polêmicos, deve estar preparado para travar um debate não no terreno
que escolhe, mas no terreno que está posto.
Dessa
forma as frescuras e os faniquitos dos moralistas e dos xiitas das artes podem
ficar em segundo plano.
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