segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O PRIMADO DA ÉTICA NA POLÍTICA E AS FALSAS ILUSÕES DE UMA SOCIEDADE MOLDADA PELO NADA


Em época de férias, nada melhor do que "filosofar".

Ano passado, o espetáculo burlesco do Supremo Tribunal Federal (STF), jogando no lixo a Constituição e introduzindo o princípio da acusação sem provas, provocou orgasmos na imprensa tupiniquim que, formadora de opinião, acabou espraiando a opinião, vista em várias redes sociais, de lançar Joaquim Barbosa, o “príncipe da retidão moral”, como candidato à presidência da república em 2014. 

Ao mesmo tempo, em centenas de municípios, as urnas mostraram que o discurso da ética e a realidade do voto não tem muita relação entre sí. Verdadeiros “frankensteis” emergiram nas câmaras de vereadores e centenas de prefeitos foram eleitos sem nenhuma afirmação com a ética. Muito pelo contrário.

O que pode explicar essa distância entre o discurso da defesa da ética e o voto sem critério? E que não me venham dizer que se vota na ideologia! Nestas eleições, ao indagar em quem votaria para vereador, ouvi a pérola :”voto no programa dele”. Que programa, se ele não é candidato ao Executivo? E essa resposta foi dada por um universitário!

Luiz Almir, Aquino Neto, Chagas Catarino e outros bem conhecidos, são uma prova inconteste de que o “povo” move-se não pela ética, pelo moralismo ou pela ideologia, mas pelo puro e simples pragmatismo. Resposta bem interessante, mas que simplifica o que não se discute.

A questão é mais embaixo, como diria o filósofo Naldinho, um amigo comerciante de uma pequena mercearia em Potilandia. São apenas 27 anos desde a redemocratização, ou seja, há uma geração inteira, na faixa do 35-40 anos e mais, que foi nascida e criada sob o sistema bipartidário e sobre o apoliticismo vigente. A ditadura fez com que esta geração se apegasse a valores nada ideológicos.

Essa geração também foi gerada e formada dentro de uma visão em que o setor público era o seu provedor, quer pelo dinheiro puro e simples, distribuído fartamente pelos “politicanalhas” em cada eleição, quer pelos serviços públicos, cujos gestores se apresentavam como “pessoas especiais” e, portanto teriam de ter um “tratamento especial”.

A “nova geração”, nascida e criada a partir da década de 80, já encontrou esse ambiente, mas numa outra atmosfera, a do pluripartidarismo que, pelas regras até hoje em vigor, se baseiam nas mesmas relações de 30, 40 anos ou mais. Essas regras adaptaram-se aos “novos tempos”, forjando lideranças que, no caso do RN, saem do berço dos clãs com cheiro de mofo e naftalina (lembram-se dela?), mas com um discurso jovial. E vota-se neles!

Então, quando vejo as pessoas “horrorizadas” com as peripécias de Henrique Eduardo Alves, com a roubalheira generalizada de Micarla de Sousa, com o feudalismo hoje vigente no governo estadual e na mais absoluta falta de vergonha do eleitorado, devo convidá-las a parar e pensar, algo complicado nos dias de hoje.

Sem um sistema eleitoral, em que a pessoa deixa de votar no indivíduo e passa a votar em um partido; com o voto proporcional e as campanhas totalmente financiadas pelo dinheiro público, o que facilita a fiscalização, permaneceremos nesse limbo, em que o “ético” é só discurso.

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Por Wellington Duarte. Tecnologia do Blogger.

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