A crise deflagrada pela vitória de
Olavo Ataíde no Processo Eleitoral Interno do PT, realizado em todo Brasil no dia 10 (domingo passado), logo contestada e revertida
em prol de Eraldo Paiva, desencadeou uma luta que saiu das entranhas do partido
e chegou à sociedade potiguar.
O vai e vem de informações e a nota divulgada ao
final de ontem (13) pelo Diretório Estadual do PT, trouxe a vitória para Eraldo
Paiva, aliado de Fernando Mineiro, cujo grupo, segundo dizem, controla o
partido há mais de uma década. O vencedor derrotado, Olavo Ataíde, não aceitou o resultado. Nesse lenga-lenga interno perde o PT, perde a
esquerda e perdem os trabalhadores do RN.
Mostrar as entranhas feridas de um
partido que, ao longo de trinta e quatro anos de sua história, tem
revolucionado a política do país, parece ser algo fora de sintonia e a
aparente democracia, que respalda essa autofagia explícita, torna-se um prato
cheio para os donos do poder do RN.
Todos que tem um pouco de
discernimento sabem que as duas maiores lideranças do PT norteriograndense são
a deputada federal Fátima Bezerra,e o deputado estadual Fernando Mineiro, e essa barafunda
partidária parece expor a divisão que já se sabia existir no partido.
O mais preocupante é o fato de que um
processo eleitoral interno, que não deveria ser necessariamente dominado pelo
burocratismo jurídico, passa a ser questionado exatamente a partir do fato de
que a derrota do vencedor se deveu à não contagem de votos devido a “problemas”
ocorridos em pelo menos cinco municípios[1] que, dizem as más línguas
era favoráveis ao vencedor derrotado, Olavo Ataíde.
Numa nota divulgada ontem (13)
Fernando Mineiro admite a divisão interna existente no partido e insinua que
ocorreram tentativas de manipulação do processo eleitoral que lembraria as
antigas brejeiras que dominavam o
processo eleitoral potiguar nas décadas de 50 e 60[2]. Acusações gravíssimas.
A deputada Fátima Bezerra, ao
contrário, prefere o caminho do silêncio, pelo menos em público, embora se
comente que ela esteja indignada com o revertério ocorrido no processo
eleitoral interno.
É bem sabido que setores do PT, principalmente
o PT de Natal tem torcido o nariz para a aproximação de Fátima com o PMDB, que
é aliado do PT no nível nacional, e que comanda a Câmara e o Senado. O
presidente eleito do PT de Natal, Juliano Siqueira é taxativamente contra essa
aliança, que ele chama de “acordão”[3], relembrando o acordo
feito em 1978 pelos Alves e Maia e que, volta e meia, é feito nos processos
eleitorais, exigindo que é necessário o PMDB reconhecer publicamente os males que
causou no RN[4], para se pensar numa aliança,
algo tão fantástico como dizer que a terra vai girar ao contrário a partir de
agora. Juliano foi apoiado por Mineiro e pelo histriônico vereador ded Natal, Fernando Lucena, que
teve o disparate de recentemente, dizer que Carlos Eduardo tem sido pior do que Micarla.
Às vésperas de um complexo jogo de
alianças que será apresentada à sociedade potiguar em 2014, o banzé no PT o
fragiliza e o expõe a uma sociedade que não tem uma cultura histórica de defesa
dos partidos, ou seja, certamente o PT será “igual aos outros”.
Espera-se que a tempestade interna do
PT, que certamente resvala na esquerda potiguar, não se transforme num furacão
e que os dirigentes do partido façam prevalecer o que tanto bradam : respeito à
democracia e ao voto.
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