Livres de uma guerra nuclear, os olhos estupefatos da
população potiguar se voltaram para o governo do estado, que continua nos
brindando com ações espalhafatosas de alcance incerto e futuro duvidoso. Os
súditos dos clãs, que reinam incólumes nessa terra seca, mas bela, foram surpreendidos
segunda-feira passada (15), com mais uma “gigantesca” ação do governo, sobejamente não noticiada pelos blogueiros, com pouco destaque na mídia e com ZERO de importância para a população.
Rosalba e o desenvolvimento do RN : como? quem? |
Dessa vez, o governo anunciou, com toda pompa, a salvação
do nosso combalido RN : o “RN MAIS”. O lançamento deu-se na Escola de
(des)Governo Cardeal Dom Eugenio Sales[1], nome dado a essa escola
não sei bem porque. Mas deixemos de lado esses aspectos menores e vamos nos
deter no que realmente importa. No...RN MAIS.
RN MAIS e Rogerio Marinho : dez meses para tirar atraso de séculos. |
A redenção do desenvolvimento do RN, pérola do secretário
Rogério Marinho (PSDB), que recentemente esteve num evento do Departamento de
Economia da UFRN e lá apresentou o novo programa, possibilitou a percepção,
para mim assustadora, de que o estado simplesmente não tem planejamento.
O programa nos revela um governo medíocre, decadente e
que, sem capacidade de planejar nada, resolveu inovar : terceirizou uma
atividade inerente ao estado, qual seja o planejamento.
E o que há de tão extraordinário nesse miraculoso plano de
desenvolvimento do RN, além do discurso firme do nobre secretário Rogério
Marinho e da bela observação do presidente da Câmara de Deputados do RN, desculpem, do Brasil, Henrique Alves, ao afirmar que o "RN MAIS" era o que "estava faltando" ?
Em primeiro lugar, é bom que se diga que
tudo isso começa por um convênio entre o governo estadual e a FIERN que, por sua
vez, contratará um consultoria para...para...consultar ué? Teremos, pois,
consultas.
O “RN MAIS” será composto por três
maravilhosos e inovadores eixos : um diagnóstico, um mapeamento das “oportunidades
de negócios” e a “definição de políticas públicas”. Tudo muito bem dito,
embora, convenhamos, desenvolver um plano de desenvolvimento faltando um ano e
oito meses para o final do mandato, soa como uma piada de gosto duvidoso.
Falar em “diagnóstico” na administração
pública, pode gerar ataques histéricos de risos, na medida em que esses tais diagnósticos
parecem ter surgido com a chegada dos portugueses às margens do Potengi, quando
resolveram fazer um diagnóstico para saber se a construção de um fortim era viável
naquelas paragens, e os efeitos desses diagnósticos podem ser vistos pela “maravilhosa”
estrutura produtiva do nosso estado.
O “mapeamento” utilizando um banco de
dados a ser construído, pela iniciativa privada, tem uma coisa nova e uma
velha. A velha é o reconhecimento explicito da incapacidade técnica do estado
para realizar tal feito, o que sugere o fechamento puro e simples da secretaria
responsável pelo planejamento do estado. A nova, é a privatização das informações
de natureza pública, o que nos leva a imaginar que essa informação passa a ter
um preço, acessível a quem pagar e não ao público em geral.
A terceira e última ação, é a definição
de políticas públicas a serem estabelecidas pela parceria com a iniciativa
privada, cujo propósito PARECE ser o de estimular o setor privado a investir no
estado, com a garantia de que com as informações dadas pelo governo seu negócio
deslanchará, Quem viver verá.
O que se destaca em mais essa fanfarronada governamental é o arsenal de que dispõem os clãs para produzirem mesmices com ar de novo.
[1]
Estiveram presentes na solenidade, o presidente
da Câmara de Deputados, Henrique Alves (PMDB); o deputado federal Felipe Maia
(DEM); a reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ângela
Paiva; o presidente do SEBRAE, Zeca Melo; o presidente da Federação dos
Municípios do RN (FEMURN), Benes Leocádio; o presidente da FIERN, Amaro Sales;
o da Federação da Agricultura do RN (Faern), José Álvares Vieira; da Federação
da Câmara dos Dirigentes Lojistas (FCDL), Marcelo Rosado; do presidente do
Sistema Fecomércio, Marcelo Queiroz, além de secretários de Estado.
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