Vulpes vulpes entre as fasianídeas : olhar faminto? |
Conheço
uma frase bem antiga que tem uma contemporaneidade impressionante: “raposa
tomando conta do galinheiro”. A frase, por si só, já diz tudo e não será necessário
nenhum estudo etnolinguístico para que os leitores compreendam o significado
da mesma.
Poti Júnior : 12x11 e rumo à vitaliciedade |
Pois
muito bem. Há seis dias, sem grandes estardalhaços por parte da dócil mídia potiguar,
ocorreu uma eleição que, na sua própria realização, tem contornos de absurdeza.
Poti Júnior (PMDB), cujo feudo político fica em São Gonçalo do Amarante e que
responde a pelo menos seis processos na justiça, foi eleito, por 12 votos,
contra 11 dados a Fábio Dantas, dono do PHS, e cujo feudo se localiza em São
José de Mipibú, para ser o novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado
(TCE-RN).
Em
meio à lamacenta história do Golpe contra Raniere Barbosa (PRB) e George Câmara
(PCdoB), que terá mais um capítulo nesta quinta, e a mais um “surto global” que
tenta enchouriçar a vida do ex-presidente Lula, a sociedade potiguar, talvez
acostumada a viver na lama política, pouca atenção deu a tal episódio.
Afora
os grunhidos do presidente do Sindicato dos Servidores do Tribunal de Contas do
Estado, o senhor Romildo Vilar Ribeiro Dantas, que por sinal apoiou o nome de
Fábio Dantas e do Movimento Articulado de Combate à Corrupção (MARCCO), que
pouca gente sabe o que é ou já ouviu falar, e que entrará com uma representação
contra a indicação, pela Assembleia Legislativa, de Poti Jr., junto a OAB e o Ministério Público, pouca ressonância teve tal fato.
Mais
do que isso, o cidadão potiguar desconhece, em sua ESMAGADORA MAIORIA, o que é o
TCE-RN, e por que esta disputa, de bastidores e corredores, foi tão acirrada. E
se olharmos a relação entre seus objetivos e sua composição, veremos que as
raposas realmente têm tomado conta do galinheiro, e se alimentando fartamente
das galiformes.
Criado
para que, em tese, a sociedade tivesse o controle das contas públicas, o TCE-RN,
maldosamente chamado por alguns injustos de “Tribunal do Faz de Contas que
Controla as Contas do Estado”, é composto por sete iluminados, com cargo
vitalício, ou seja, de lá só saem pela compulsória, como foi o caso do ex-presidente,
Valério Mesquita, ex-prefeito de Macaíba e ex-deputado estadual, ligado aos clãs
maiores. Afinal seria muito ruim para a imagem do TCE-RN ter um conselheiro gagá, fiscalizando as contas públicas.
Sete
não tão iluminados, já que quatro são eleitos pela Assembleia Legislativa, ou
seja, dentro dos currais, corredores, jogos de interesses, etc. Um conselheiro é
nomeado pelo governador e dois são escolhidos dentre os auditores e membros do
Ministério Público, mas é o TCE-RN, que envia a lista tríplice ao chefe do executivo
que o indica.
E se
algum afoito der uma olhada mais atenta verá que os clãs e famílias estão
solidamente instalados lá dentro. Senão vejamos:
Paulo Roberto : indicado por Álvaro Dias |
O
novo presidente, recém-eleito, é Paulo Roberto Alves, irmão de quem? Do
ex-governador Garibaldi Alves Filho. Indicado por quem? Álvaro Dias, uma
liderança lá do Seridó.
Thompson : o vice dos Maia? |
O
vice-presidente é Carlos Thompson Fernandes, filho do ex-procurador Assis
Fernandes, que foi indicado por quem? Agripino Maia.
Tarcísio Costa : nomeado pelo irmão e então governador Vivaldo |
Tarcísio
Costa é simplesmente irmão de Vivaldo Costa, que o indicou quando era
governador.
Renato : irmão de Álvaro, nomeado por Garibaldi. |
Renato
Dias é irmão de Álvaro Dias. Foi nomeado por quem? Garibaldi Alves, que na
época era governador. Dizem os mexeriqueiros irresponsáveis que tal nomeação foi para agradecer o apoio de Álvaro à indicação de Paulo Roberto.
Tal fofoca, típica dos que adoram o lacuteio, merece o repúdio e a indiferença, embora as coincidências sejam reveladoras. A história do RN mostra que esse tipo de troca de favores, jamais vicejou no nosso meio político.
Montenegro : mais um indicado pelos clãs? |
Marco
Antonio Montenegro, é sobrinho do ex-deputado Edgar Montenegro, uma tradicional e forte liderança do Vale do Assú.
A
corregedora Maria Adélia Sales, parece ser a única que não tem um carimbo
oligárquico, e a outra cadeira de conselheiro, está vaga há mais de um ano, já que
a governadora ainda não indicou ninguém. Deve estar escolhendo um vassalo bem fiel.
À esse grupo, certamente ilibado, junta-se agora Poti Júnior e os seus seis processos que responde.
Eis
o nosso nobre TCE-RN, e a sociedade pode ficar tranquila que as raposas podem,
afinal, serem apenas guardiãs do galinheiro. É torcer para que elas não mudem
de ideia.
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